
Gostava também
de vos falar de Gustav Mahler, um compositor ultrarromântico Alemão que me
fascinou desde que ouvi uma das duas obras pela primeira vez, a sua 2ª
sinfonia, executada pela orquestra Gulbenkian no grande auditório Gulbenkian.
Gustav Mahler nasceu em 1860 e faleceu em 1911, foi o Grande seguidor de
Wagner, foi maestro e diretor da Ópera de Viena entre 1897 e 1907 e de Nova
Yorque entre 1908 e 1911 (ano de sua morte), escreveu 9 sinfonias: longas,
complexas na forma, de caráter programático, requerendo enormes recursos para a
sua execução. Para além de quatro ciclos de canções para voz solista e
orquestra (A canção da Terra). A 2ª sinfonia, por exemplo, exige, para além das
cordas, 4 flautas; 4 oboés; 5 clarinetes; 3 fagotes; 10 trompas; 10 trompetes;
4 trombones; 1 tuba; 6 timbales; 3 sinos; 4 harpas; 1 órgão; imensa percussão;
2 vozes solistas e um enorme coro, o que fazia uma extraordinariamente grande
orquestra, que para terem noção em Portugal era dificílimo arranjar tantos
instrumentos, nomeadamente as harpas. Como puderam entender, a grande
característica das suas sinfonias é a dimensão da orquestra e também a
extensão. A 8ª sinfonia é conhecida como a Sinfonia dos mil. O tipo de
composição é programático embora ele tenha retirado, mais tarde o programa das
sinfonias. Por outro lado há uma grande interpenetração dos ciclos de canções com
os temas das sinfonias. Por exemplo a base da 1ª sinfonia são “Canções de uma viandante”.
Uma grande caraterística das suas composições é a tentativa de conciliação
entre a conceção monumental com a simplicidade da canção popular, “não se pode separar
o Mahler compositor sinfónico do Mahler compositor de canções”.
Gustav Mahler é
um dos 14 filhos dos Mahler, dos quais 8 não chegaram à idade adulta, todos de
origem judaica, duma aldeia que se localiza na atual Republica Checa, mas que
já fora austríaca e alemã, ele próprio disse: ”sou três vezes apátrida! Como
natural da Boêmia, na Áustria; como austríaco, na Alemanha; como judeu, no
mundo inteiro. Em toda parte um intruso, em nenhum lugar desejado!”. Bernhard,
seu pai, era estalajadeiro e comerciante de licores, a mãe, manca, proveniente
de uma família pobre, filha de um fabricante de sabão, casou-se forçadamente
com Bernhard e procurava contentar-se com aquilo que tinha, logo o seu
relacionamento não era muito bom o pai chegava a ser violento para sua mãe, e
essa atmosfera pesada influenciou psicologicamente Gustav pelo resto da sua
vida. Teve as suas primeiras lições de piano em 1866 com 6 anos com um mestre
capela e em 1871 começou a estudar no gymnasium de praga. Foi um período de
humilhações e maus tratos por seu pai ao tomar conhecimento da situação
insustentável do filho, assim voltou em 1872 para JIhlava. Aos 15 anos
ingressou no Conservatório de Viena onde teve aulas de piano, harmonia e
composição e chegou a receber vários prémios nessa área em 1976, e em 1978, com
18 anos recebeu o diploma do Conservatório de Viena, passou então a trabalhar
como regente de orquestra entre Viena e Budapeste. Em 1882 é maestro em Olmutz
(Morávia), em 1885/86 em Praga e em 1886/88 em Leipzig, foi nomeado Kapeilmaster
de Viena aos 37 anos. Casou com Alma Schindler, dez anos mais nova que ele e
teve duas filhas. Devido ao facto de ter começado a ser perseguido devido à sua
religião vai para os Estados Unidos onde aceita lugar na ópera de Nova Yorque,
volta para a Europa em 1909 e a sua mulher provoca uma crise conjugal, em 1911
volta para Maérica onde lhe é diagnosticada uma poderosa infeção, ele volta
para Viena, vive alguns anos e é internado pouco antes de morrer.
Aconselho
vivamente que ouçam alguma obra dele. A minha favorita continua a ser a
primeira que ouvi, a 2ª sinfonia, a música dele transmite um sentimento enorme,
têm um carácter um pouco sombrio ligado ao funesto, mas também glorioso,
completamente emocionante, espantoso e maravilhoso.
Que inspiração para todos nós!! Felicidades
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